Levantei-me do sofá com a manta a cobrir as minhas costas e
pousei o chocolate quente sobre a pequenina mesa que havia no meio da sala. Estava
frente a frente a eles e enquanto um estava do meu lado esquerdo o outro estava
do meu lado direito, o Ezequiel do lado esquerdo e o João do lado direito. E eu
não sabia para onde olhar. Por isso, inspirei e expirei devagar, fechei os olhos
e voltei a abrir, olhei para um e depois para outro. E falei:
-Está na
altura de termos uma conversa honesta, João e Ezequiel. – Olhei para
quando um quando disse o nome. – Acima
de qualquer outro sentimento, emoção, discussão ou qualquer indecisão da minha
cabeça ou do coração, quero deixar bem claro que os dois me fazem felizes e não
quero perder nenhum. Tenho a certeza que são os dois meus amigos e vivo ou vivi
uma história de amor com qualquer um. Mas neste momento eu não sei o que sinto
por nenhum. Gosto muito dos dois enquanto amigos, é certo e sei que o
sentimento é recíproco, mas sei que qualquer um dos dois nutre um sentimento de
amor por mim e embora eu namore com o João, não sei o que sinto pelo Ezequiel.
Peço-vos tempo e espaço para tomar uma decisão, esperem por mim e espero que
aceitem a minha decisão, que espero não demorar a ser tomada e se algum dos
dois desistir de mim, tenho a certeza que o sentimento que dizia sentir não era
tão intenso quanto dizia ser. – Olhei para um e para o outro, não sabia o que
fazer e esperava qualquer resposta deles por mínima que fosse, nem que fosse um
monossílabo qualquer. Mas nenhum dos dois respondeu. Precisava de qualquer
ajuda por mais pequena que fosse. O primeiro a reagir iria significar muito,
iria ajudar-me, talvez, a ajudar a esclarecer tudo.
-Não te vou dizer que sou o melhor para ti, nem te vou pressionar, quero
apenas o melhor para ti e a tua felicidade. – Disse calmamente. – Sim, somos amigos mas tu sabes que eu gosto
de ti enquanto mais que isso, preferia ver-te como minha namorada e ficaríamos muito feliz, mas se preferires e sentires que somos só amigos eu também
compreendo, sei que apesar de sofrer um pouco, foi o melhor para ti e eu
ficarei igualmente bem com o passar do tempo. Amo-te e ficarei a teu lado
aconteça o que acontecer. – Disse o Ezequiel e o meu coração bombardeou
fortemente, primeiro porque era a resposta ao que dissera antes e porque era a
primeira resposta.
-Já fazes um bocadinho parte de mim, mais do que minha namorada, és a
minha melhor amiga e por muito mal que nos aconteça, sei que a nossa amizade
vai superar isso. Quando tudo começou existia sempre uma força a tentar
separar-nos, a tentar derrubar-nos, a impedir que nos beijássemos. – Baixou
o olhar e sorriu. – E depois
afastamo-nos um pouco devido a tudo o que nos aconteceu... Mas voltamo-nos a
cruzar mais uma vez e os sentimentos voltaram com ainda mais força. Pensava que
tudo nos encaminhava para um único sentido, juntos. Mas enganei-me, e quero que
sejas feliz, apenas do lado de quem achas que é o melhor para ti, da tua
felicidade, quer seja enquanto namorado ou amigo. Quero o melhor para ti. – Disse
calmamente e fez-me bem relembrar a nossa história. Já fazia alguns meses que
nos conhecíamos e embora conheça o João há mais tempo que o Ezequiel, mas eram
sentimentos diferentes e histórias diferentes, com o Ezequiel começou como que
um ódio enquanto com o João começou com uma amizade, ele era meu melhor amigo e
namorado.
-Vocês já
são homens, sabem que a decisão não será fácil e pode demorar dias, como meses
ou quem sabe, anos. Peço-vos por favor, que respeitem o espaço e o tempo que
vou precisar, não me pressionem, porque isso só será pior, para todos. O vosso
silêncio será bom para ouvir a minha cabeça e o meu coração. Sei, bem, que devo
seguir o que o meu coração me diz, mas não é tão bonito nem fácil quanto
parece. Tenho de ouvir a minha cabeça para não magoar ninguém, apesar de ser
quase impossível, tentarei não magoar ninguém, não vos quero desiludir. Mas
seja qual for a minha decisão, continuarei a gostar de vocês, muito. Mas agora
vou para casa que depois da animação do dia de hoje, preciso de descanso.
-Queres
boleia para casa? – Perguntou o até então meu namorado.
-Tenho que
ir para Lisboa, por isso não me importo de a deixar em casa. – Disse o
Ezequiel.
-Por mim tanto faz. – Disse. – Não
quero causar incómodo a nenhum.
-Então eu
levo-a. – Concluiu o Ezequiel.
Dei a mão ao João e levei-o para
um sítio mais sozinho, ele necessitava de uma palavra mais íntima e pessoal.
Afinal, e apesar de tudo, era meu melhor amigo e namorado.
-João,
devia-te ter explicado tudo antes de começarmos a namorar. Tu merecias uma
explicação e eu não te dei, por isso e apesar de teres sido apanhado
desprevinido eu conto. Nós... – Fiz uma breve pausa. - Afastamo-nos e eu conheci o Ezequiel. – Não
conseguia decifrar pelas suas expressões o que é que ele sentia. -No início demo-nos muito mal, achava-o super
engatatão mas acabei por cair nos braços dele. Envolvemo-nos. Mais tarde
começamos a namorar, mas eu acabei com ele, porque não confiava nele.
Discutimos e eu dei-lhe um golpe baixo, acertei-lhe onde nenhum homem queria. –
Engoli em seco. - Nem amigos
conseguiamos ficar e eu descobri que estava grávida. Mas tu reapareceste na
minha vida. – Sorri com vontade, feliz do que me lembrava. – E apesar de eu estar reticente tu
fizeste-me crer em ti, em nós. Fizeste-me e fazes-me feliz, fazes-me sentir
completa. Mas com o Ezequiel, ouve o susto da gravidez, mas que não passou
disso mesmo, um susto. Mas o meu coração imaginou o nosso futuro, não te quero
magoar. Mas eu já me imaginava com o Ezequiel, a cuidarmos do nosso menino. Nós
vimos uma ecografia, nós vimos um filho que não tínhamos. – Baixei a
cabeça, desiludida, porque apesar de não pensado, um bebé é sempre importante
para a família, como para quem, por outros laços está ligado ao pequeno. – Imaginei o batizado, e tu. Eras o padrinho.
– Sorrimos. – Já tinha pensado em
nomes. Se fosse um menino gostava que se chamasse Tomás e se fosse menina seria
a Letícia. São os dois meus amigos e eu não duvido que vos amo, não duvido que
o meu amor por vocês está presente, bem vivo e forte no meu coração, mas eu
tenho que optar. Tenho de perceber quem eu amo mais e com quem serei mais
feliz. E quem ficará meu amigo, ou se prefiro ficar amiga de ambos e deixar
para trás, qualquer outro sentimento de amor. – Confessei. – Quanto á nossa relação, acho melhor darmos
um tempo, na minha opinião é o melhor. Mas tu é que sabes, se preferes acabar
ou não. – Ele virou-me as costas. Pensei que ele me respondesse mas ele
ficou sem resposta e eu não gostava disso, precisava de palavras, não precisava
de um silêncio, que traduzido, continuava sem significar nada.
-Desiludiste-me
e magoaste-me. – Confessou baixo e eu tive dificuldades em
ouvir. – Esperava que me amasses, que me
desses o teu ser e te entregasses a mim. – Continuou levantado a voz mas
continuava a ter dificuldades em ouvir. –
Como eu me entreguei a ti. Esperava que pusesses tudo atrás das costas para
seres a minha namorada e melhor amiga. Que pensasses em nós e me apoiasses. – Continuava
com a cabeça cabisbaixa. – Mas não
conseguiste ultrapassar o teu passado. – Fez uma breve pausa, apenas o
suficiente para respirar fundo. – E provaste-me
que não gostas de mim, como dizes. Porque bastou eu afastar-me, para caíres nos
braços do Ezequiel. Bastou. – Olhei para ele e vi os seus olhos cheios de
raiva, mas também com muita vontade de chorar, magoado. – E o que mais me magoa, foi que não me contaste nada. Se tu fosses minha
amiga contavas, podia-me magoar, mas magoava-me muito menos que me tivesses
contado antes. Esperaste que começássemos a namorar para me contares que
estavas grávida. A base para uma boa relação é a confiança e tu és minha melhor
amiga e eu pensava que era o teu. Iludi-me, mas o meu sentimento continua
igual. Preciso é de tempo e espaço para pensar e digerir tudo. Desapontaste-me
tanto Qeu. – Fiquei com as lágrimas quase a cair sobre o meu rosto. Não
queria que ele pensasse isto de mim. Não queria magoá-lo, mas a tentar melhorar
tudo, acabei por piorar tudo. Por estragar o que de bom tínhamos. – Por isso acho melhor acabarmos. Depois de
tomares uma decisão sobre qual de nós, tu realmente amas, falamos. Até lá,
temos espaço e tempo para pôr a cabeça em ordem. Desculpa. – Virou costas e
fugiu dali. E eu fiquei petrificada. Não sabia se havia de chorar, de gritar,
de me encher de fúria. Apenas sabia que não sabia o que fazer. Apenas consegui
ficar boquiaberta e vê-lo sair. Sem ter tempo de lhe responder, ou pensar no
que fazer. Podia tê-lo agarrado, podia tê-lo impedido de ir embora, podia ter
esclarecido tudo. Mas optei por ser uma inútil e ao não responder, assumir que
tudo o que dizia era verdade.
Mas não ia chorar, não ia dar a
minha parte fraca. Não. Ele podia merecer que eu chorasse por o ter magoado e
desiludido mas eu não ia chorar, não ia deixar que soubessem que estava a
sofrer. Por isso, aproximei-me do Ezequiel e pedi para nos irmos embora. Fomos
até ao carro, sem nunca abrir a boca, ele sabia que algo não estava bem mas não
tentou que eu desabafasse e sinceramente não queria. Ou talvez quisesse, mas
não me sentia bem a fazê-lo e não fazia bem ouvi-lo. Já perto das portagens, já
próximos de atravessar a Ponte 25 de Abril, o Ezequiel diz:
-Qeu, podia dizer-te que se quiseres podes falar comigo e desabafar, que
só te fazia bem, que somos amigos e iria escutar-te e aconselhar-te, mas eu
estou no meio deste problema. Não me consigo separar e ver este problema do
lado de fora, eu amo-te e o amor supera qualquer sentimento de amizade. Não vou
desistir de ti, quer seja enquanto amigo ou namorado. Tu fazes-me feliz. – Sorri.
Podia ter desiludido o João, mas não tinha desiludido o Ezequiel, e ele não ia
desistir de mim. A mão dele estava sobre as mudanças do carro e eu pousei sobre
ela e disse:
-Obrigada Ezequiel. Por tudo! – Sorrimos. – Desculpa pelo golpe que te dei, por te ter posto no hospital, por ter
ferido os teus sentimentos e por ter acabado a nossa relação. Desculpa tudo o
que fiz.
-Qeu, claro
que não te vou dizer que compreendo o que fizeste e desculpo, mas é a tua
maneira de ser, talvez um dia mudes e sei que se algum dia voltarmos, tu vais
tentar mudar e eu te ajudarei.
Não consegui responder, apenas
engoli em seco. O único som que se ouvia no carro era do rádio, onde se ouvia
músicas, umas conhecia, outras não e diziam-me mais que outras. E era bom ouvir
músicas em vez de palavras, descreviam tanto os bons momentos como os maus,
descrevia, se fosse preciso toda uma vida. E uma música de um cantor espanhol
que adorava e cantava bem, Pablo Alborán, não podia ter vindo em melhor altura.
Era incrível como tinha acabado uma relação há pouco mas não pensava muito
nisso, mas sim, no facto de estar sozinha com o Ezequiel.
Si alguna
vez preguntas el por que (Se alguma
vez perguntares o porquê)
No sabré
decirte la razón (Não saberei
dizer-te a razão)
Yo no la sé (Eu não a sei)
Por eso y
más (Por isso e muito mais)
Perdóname (Perdoa-me)
Si alguna
vez maldicen nuestro amor (Se alguma
vez maldizeres o nosso amor)
Comprenderé
tu corazón (Compreenderei
o teu coração)
Tú no me
entenderás (Tu não
entenderás)
Por eso y
más (E por isso e muito mais)
Perdóname (Perdoa-me)
Ni una sola
palabra más (Nem uma
palavra mais)
No más besos
al alba (Nem mais
beijos pela manhã)
Ni una sola
caricia habrá (Nem uma
única carícia haverá)
Esto se
acaba aquí (Isto acaba
aqui)
No hay
manera ni forma (Não há
maneira, nem forma)
De decir que
sí (De dizer que sim)
Ni una sola
palabra más (Nem uma
palavra mais)
No mas besos
al alba (Nem mais
beijos pela manhã)
Ni una sola
caricia habrá (Nem uma
única carícia haverá)
Esto se
acaba aquí (Isto acaba
aqui)
No hay
manera ni forma (Não há
maneira, nem forma)
De decir que
sí (De dizer que sim)
Si alguna
vez (Se alguma vez)
Creíste que
por ti (Acreditaste que por ti)
O por tu
culpa me marché (Ou por tua
culpa me fui)
No fuiste tú (Não foste tu)
Por eso y
más (Por isso e muito mais)
Perdóname (Perdoa-me)
Si alguna
vez te hice sonreír (Se alguma
vez te fiz sorrir)
Creístes
poco a poco en mi (Acreditaste
pouco a pouco em mim)
Fui yo lo sé
(Fui eu, eu sei)
Por eso y
más (Por isso e muito mais)
Perdóname (Perdoa-me)
Ni una sola
palabra más (Nem mais
uma palavra)
No más besos
al alba (Nem mais
beijos pela manhã)
Ni una sola
caricia habrá (Nem uma
única carícia haverá)
Esto se
acaba aquí (Isto acaba
aqui)
No hay
manera ni forma (Não há
maneira, nem forma)
De decir que
sí (De dizer que sim)
Ni una sola
palabra más (Nem mais
uma palavra)
No más besos
al alba (Nem mais
beijos pela manhã)
Ni una sola
caricia habrá (Nem mais
uma carícia haverá)
Esto se
acaba aquí (Isto acaba
aqui)
No hay
manera ni forma (Não há maneira,
nem forma)
De decir que
sí (De dizer que sim)
Siento
volverte loca (Sinto-me
louco)
Darte el
veneno de mi boca (Dar-te o
veneno da minha boca)
Siento tener
que irme así (Sinto por
ter, que me ir assim)
Sin decirte
adiós (Sem dizer adeus)
Siento volverte
loca (Sinto-me louco)
Darte el
veneno de mi boca (Dar-te o
veneno da minha boca)
Siento tener
que irme así (Sinto por
ter, que me ir assim)
Sin decirte
adiós (Sem dizer adeus)
Laralalalaralalarala
Laralaalala
Lalalalara
Ni una sola
palabra más (Nem mais
uma palavra)
No mas besos
al alba (Nem mais
beijos pela manhã)
Ni una sola
caricia habrá (Nem uma
carícia haverá)
Esto se
acaba aquí (Isto acaba
aqui)
No hay
manera ni forma (Não há
maneira, nem forma)
De decir que
sí (De dizer que sim)
Ni una sola
palabra más (Nem mais
beijos pela manhã)
No mas besos
al alba (Nem mais
beijos pela manhã)
Ni una sola
caricia habrá (Nem uma
carícia haverá)
Esto se
acaba aquí (Isto acaba
aqui)
No hay
manera ni forma (Não há
maneira, nem forma)
De decir que
sí (De dizer que sim)
O Ezequiel cantou aquela música
totalmente em espanhol, num espanhol perfeito que me fez suspirar. Soube-me bem
ouvi-lo cantar. Gostava do cantor, da língua, gostava... Do Ezequiel. Conhecia
muito bem o cantor, mas não aquela música e conhecê-la com aqueles dois homens
a cantar foi, especialmente bom. Aquela letra relacionava-se com o fim da minha
relação com o João, mas também com o Ezequiel. Custou-me ouvir aquilo e não
chorar, mas engoli em seco, evitei as lágrimas. Preferi ouvir e sentir o
silêncio. Foi difícil não confessar aquilo que sentia, já estava habituada e
era de mim guardar o meu sofrimento mas tinha que me expressar. Não estava à espera que o João acabasse a nossa relação, eu gostava dele.
Foi já perto de minha casa, que
deixei cair duas lágrimas teimosas. Seguidas de imensas lágrimas, de medo, de
raiva, de tristeza, mas acima de tudo desilusão. Estava desiludida com o João,
muito, porque não esperava isto dele, mas principalmente comigo mesma. Não
devia ter feito nada para magoar nenhum deles, corria o risco de perder ambos
por um ato de puro. Egoísmo.
Baixei a cabeça e pousei sobre a
palma das minhas mãos, e os cotovelos pousaram sobre as minhas pernas. Não
queria que ele visse as lágrimas a escorrer pela minha face, nem que sentisse a
minha respiração ofegante. Não queria que ele dissesse nada, apenas que me
deixasse acalmar, que pousasse a mão sobre o meu ombro e não dissesse nada.
Estacionou o carro, sem se aperceber que chorava. Reparou que eu chorava. Saiu
do banco e segundos depois, senti a porta ao meu lado abrir. Pousou a mão sobre
o meu ombro e disse:
-Qeu, fala comigo. Explica-me aquilo que sentes, o que não sentes, o que
pensas. Fala comigo, se isso te ajudar. – Levantei a cabeça e pela primeira
vez naquele dia cheio de emoções, senti-me amada, quando ele me olhou olhos nos
olhos. O meu primeiro impulso foi beijá-lo, para me sentir ainda melhor, mas
consegui segurá-lo. Limpei as lágrimas e disse:
-O João acabou tudo comigo. – Disse de uma só vez, talvez se assim
fosse me custasse menos a digeri-lo. – Eu
amo-o. E por isso estou a sofrer, porque eu amo-vos e desiludi-o, e desiludi-me
a mim mesma. – Deixei cair mais duas lágrimas mas ele rapidamente limpou-me
com os dedos polegares.
-Tudo acontece por algum motivo. – Disse calmamente. – Talvez assim tu entendas quem tu amas mais
e percebas que nos magoaste aos dois, mas iludiste-te. Existem coisas que tu
não consegues controlar, coisas que te ultrapassam e os sentimentos, não mandas
neles. – Sorriu e continuava com o olhar fixo em mim. – Tu só podes amar e querer ter ao teu lado
um.
-Neste
momento quero-te a ti. – Disse, nada convicta do que dizia. Ele
olhou-me sorriu e fomos aproximando os nossos lábios cada vez mais. Ele fez com
que os nossos lábios se tocassem, mas esperou que eu retribuísse para aumentar
o ritmo do beijo. Que só terminou quando o ar nos escasseava. Olhamo-nos depois
de separarmos os nossos lábios e eu fugi de perto dele. Estava a enganar-nos. A
iludir, eu não sabia o que queria, porque motivo lhe tinha dito aquilo e
retribuído o beijo? Soube-me bem, senti-me nas nuvens, feliz. Mas podia não
significar nada, podia tê-lo usado para esquecer por segundos, o João. E
consegui, mas não se podia repetir.
(Passado
alguns dias)
Nos últimos quatro dias tenho
falado com o João e já estive com ele também, falamos enquanto amigos. Pusemos
qualquer ódio ou recentimento e concentramo-nos nos bom sentimentos que
nutríamos. Ele precisou de falar, de desabafar, de se sentir melhor e falar com
um amigo. E eu não deixava de ser sua amiga, a sua melhor amiga. Soube-me bem
falar com ele, ouvir o seu desabafo e ele ouvir o meu. Fez-me sentir que ele
era realmente o meu melhor amigo. Não me pressionou para saber se já tinha
tomado uma decisão, não me pressionou para nada. Ouve um momento mais
constragedor, que ele causou, estivemos a milímetros de um beijo e eu quis
ainda mais juntar os meus lábios mas ele fugiu, afirmando que não me queria
pressionar. E soube-me bem, saber que apesar dele gostar de mim, não me
pressionava, queria apenas a minha felicidade, podia magoá-lo mas ele estaria
do meu lado.
Estava sozinha em casa, numa
terça-feira á tarde e ontem jogou o Benfica, o que significa que o Ezequiel
hoje está de folga, mais precisamente em casa. O João está fora de Lisboa, foi
jogar á Madeira o que significava que não podia estar com ele, embora me
sentisse sozinha. Ouvi a campainha tocar e não estava á espera de ninguém,
decidi abrir a porta embora não esperasse ninguém. E deparei-me com o Ezequiel,
ofegante. Tinha corrido bastante, conhecia-o, pouco mas sabia esta pequena
particularidade dele. Olhou para mim e disse.
O que terá dito Ezequiel?
E porque terá corrido para estar
com Qeu? Quem é que ela escolherá?
Opa amo quero muito muito muito o próximo!
ResponderEliminarEspero que o Ezequiel tenha vindo a correr para matar saudades, o João é bonzinho, mas a Qeu merece ficar com o Garay.
Estou aqui à espera do próximo :)