segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Capítulo 28 “Está na altura de termos uma conversa honesta, João e Ezequiel”

Levantei-me do sofá com a manta a cobrir as minhas costas e pousei o chocolate quente sobre a pequenina mesa que havia no meio da sala. Estava frente a frente a eles e enquanto um estava do meu lado esquerdo o outro estava do meu lado direito, o Ezequiel do lado esquerdo e o João do lado direito. E eu não sabia para onde olhar. Por isso, inspirei e expirei devagar, fechei os olhos e voltei a abrir, olhei para um e depois para outro. E falei:

-Está na altura de termos uma conversa honesta, João e Ezequiel. – Olhei para quando um quando disse o nome. – Acima de qualquer outro sentimento, emoção, discussão ou qualquer indecisão da minha cabeça ou do coração, quero deixar bem claro que os dois me fazem felizes e não quero perder nenhum. Tenho a certeza que são os dois meus amigos e vivo ou vivi uma história de amor com qualquer um. Mas neste momento eu não sei o que sinto por nenhum. Gosto muito dos dois enquanto amigos, é certo e sei que o sentimento é recíproco, mas sei que qualquer um dos dois nutre um sentimento de amor por mim e embora eu namore com o João, não sei o que sinto pelo Ezequiel. Peço-vos tempo e espaço para tomar uma decisão, esperem por mim e espero que aceitem a minha decisão, que espero não demorar a ser tomada e se algum dos dois desistir de mim, tenho a certeza que o sentimento que dizia sentir não era tão intenso quanto dizia ser. – Olhei para um e para o outro, não sabia o que fazer e esperava qualquer resposta deles por mínima que fosse, nem que fosse um monossílabo qualquer. Mas nenhum dos dois respondeu. Precisava de qualquer ajuda por mais pequena que fosse. O primeiro a reagir iria significar muito, iria ajudar-me, talvez, a ajudar a esclarecer tudo.

-Não te vou dizer que sou o melhor para ti, nem te vou pressionar, quero apenas o melhor para ti e a tua felicidade. – Disse calmamente. – Sim, somos amigos mas tu sabes que eu gosto de ti enquanto mais que isso, preferia ver-te como minha namorada e ficaríamos muito feliz, mas se preferires e sentires que somos só amigos eu também compreendo, sei que apesar de sofrer um pouco, foi o melhor para ti e eu ficarei igualmente bem com o passar do tempo. Amo-te e ficarei a teu lado aconteça o que acontecer. – Disse o Ezequiel e o meu coração bombardeou fortemente, primeiro porque era a resposta ao que dissera antes e porque era a primeira resposta.

-Já fazes um bocadinho parte de mim, mais do que minha namorada, és a minha melhor amiga e por muito mal que nos aconteça, sei que a nossa amizade vai superar isso. Quando tudo começou existia sempre uma força a tentar separar-nos, a tentar derrubar-nos, a impedir que nos beijássemos. – Baixou o olhar e sorriu. – E depois afastamo-nos um pouco devido a tudo o que nos aconteceu... Mas voltamo-nos a cruzar mais uma vez e os sentimentos voltaram com ainda mais força. Pensava que tudo nos encaminhava para um único sentido, juntos. Mas enganei-me, e quero que sejas feliz, apenas do lado de quem achas que é o melhor para ti, da tua felicidade, quer seja enquanto namorado ou amigo. Quero o melhor para ti. – Disse calmamente e fez-me bem relembrar a nossa história. Já fazia alguns meses que nos conhecíamos e embora conheça o João há mais tempo que o Ezequiel, mas eram sentimentos diferentes e histórias diferentes, com o Ezequiel começou como que um ódio enquanto com o João começou com uma amizade, ele era meu melhor amigo e namorado.

-Vocês já são homens, sabem que a decisão não será fácil e pode demorar dias, como meses ou quem sabe, anos. Peço-vos por favor, que respeitem o espaço e o tempo que vou precisar, não me pressionem, porque isso só será pior, para todos. O vosso silêncio será bom para ouvir a minha cabeça e o meu coração. Sei, bem, que devo seguir o que o meu coração me diz, mas não é tão bonito nem fácil quanto parece. Tenho de ouvir a minha cabeça para não magoar ninguém, apesar de ser quase impossível, tentarei não magoar ninguém, não vos quero desiludir. Mas seja qual for a minha decisão, continuarei a gostar de vocês, muito. Mas agora vou para casa que depois da animação do dia de hoje, preciso de descanso.

-Queres boleia para casa? – Perguntou o até então meu namorado.

-Tenho que ir para Lisboa, por isso não me importo de a deixar em casa. – Disse o Ezequiel.

-Por mim tanto faz. – Disse. – Não quero causar incómodo a nenhum.

-Então eu levo-a. – Concluiu o Ezequiel.

Dei a mão ao João e levei-o para um sítio mais sozinho, ele necessitava de uma palavra mais íntima e pessoal. Afinal, e apesar de tudo, era meu melhor amigo e namorado.

-João, devia-te ter explicado tudo antes de começarmos a namorar. Tu merecias uma explicação e eu não te dei, por isso e apesar de teres sido apanhado desprevinido eu conto. Nós... – Fiz uma breve pausa. - Afastamo-nos e eu conheci o Ezequiel. – Não conseguia decifrar pelas suas expressões o que é que ele sentia. -No início demo-nos muito mal, achava-o super engatatão mas acabei por cair nos braços dele. Envolvemo-nos. Mais tarde começamos a namorar, mas eu acabei com ele, porque não confiava nele. Discutimos e eu dei-lhe um golpe baixo, acertei-lhe onde nenhum homem queria. – Engoli em seco. - Nem amigos conseguiamos ficar e eu descobri que estava grávida. Mas tu reapareceste na minha vida. – Sorri com vontade, feliz do que me lembrava. – E apesar de eu estar reticente tu fizeste-me crer em ti, em nós. Fizeste-me e fazes-me feliz, fazes-me sentir completa. Mas com o Ezequiel, ouve o susto da gravidez, mas que não passou disso mesmo, um susto. Mas o meu coração imaginou o nosso futuro, não te quero magoar. Mas eu já me imaginava com o Ezequiel, a cuidarmos do nosso menino. Nós vimos uma ecografia, nós vimos um filho que não tínhamos. – Baixei a cabeça, desiludida, porque apesar de não pensado, um bebé é sempre importante para a família, como para quem, por outros laços está ligado ao pequeno. – Imaginei o batizado, e tu. Eras o padrinho. – Sorrimos. – Já tinha pensado em nomes. Se fosse um menino gostava que se chamasse Tomás e se fosse menina seria a Letícia. São os dois meus amigos e eu não duvido que vos amo, não duvido que o meu amor por vocês está presente, bem vivo e forte no meu coração, mas eu tenho que optar. Tenho de perceber quem eu amo mais e com quem serei mais feliz. E quem ficará meu amigo, ou se prefiro ficar amiga de ambos e deixar para trás, qualquer outro sentimento de amor. – Confessei. – Quanto á nossa relação, acho melhor darmos um tempo, na minha opinião é o melhor. Mas tu é que sabes, se preferes acabar ou não. – Ele virou-me as costas. Pensei que ele me respondesse mas ele ficou sem resposta e eu não gostava disso, precisava de palavras, não precisava de um silêncio, que traduzido, continuava sem significar nada.

-Desiludiste-me e magoaste-me. – Confessou baixo e eu tive dificuldades em ouvir. – Esperava que me amasses, que me desses o teu ser e te entregasses a mim. – Continuou levantado a voz mas continuava a ter dificuldades em ouvir. – Como eu me entreguei a ti. Esperava que pusesses tudo atrás das costas para seres a minha namorada e melhor amiga. Que pensasses em nós e me apoiasses. – Continuava com a cabeça cabisbaixa. – Mas não conseguiste ultrapassar o teu passado. – Fez uma breve pausa, apenas o suficiente para respirar fundo. – E provaste-me que não gostas de mim, como dizes. Porque bastou eu afastar-me, para caíres nos braços do Ezequiel. Bastou. – Olhei para ele e vi os seus olhos cheios de raiva, mas também com muita vontade de chorar, magoado. – E o que mais me magoa, foi que não me contaste nada. Se tu fosses minha amiga contavas, podia-me magoar, mas magoava-me muito menos que me tivesses contado antes. Esperaste que começássemos a namorar para me contares que estavas grávida. A base para uma boa relação é a confiança e tu és minha melhor amiga e eu pensava que era o teu. Iludi-me, mas o meu sentimento continua igual. Preciso é de tempo e espaço para pensar e digerir tudo. Desapontaste-me tanto Qeu. – Fiquei com as lágrimas quase a cair sobre o meu rosto. Não queria que ele pensasse isto de mim. Não queria magoá-lo, mas a tentar melhorar tudo, acabei por piorar tudo. Por estragar o que de bom tínhamos. – Por isso acho melhor acabarmos. Depois de tomares uma decisão sobre qual de nós, tu realmente amas, falamos. Até lá, temos espaço e tempo para pôr a cabeça em ordem. Desculpa. – Virou costas e fugiu dali. E eu fiquei petrificada. Não sabia se havia de chorar, de gritar, de me encher de fúria. Apenas sabia que não sabia o que fazer. Apenas consegui ficar boquiaberta e vê-lo sair. Sem ter tempo de lhe responder, ou pensar no que fazer. Podia tê-lo agarrado, podia tê-lo impedido de ir embora, podia ter esclarecido tudo. Mas optei por ser uma inútil e ao não responder, assumir que tudo o que dizia era verdade.

Mas não ia chorar, não ia dar a minha parte fraca. Não. Ele podia merecer que eu chorasse por o ter magoado e desiludido mas eu não ia chorar, não ia deixar que soubessem que estava a sofrer. Por isso, aproximei-me do Ezequiel e pedi para nos irmos embora. Fomos até ao carro, sem nunca abrir a boca, ele sabia que algo não estava bem mas não tentou que eu desabafasse e sinceramente não queria. Ou talvez quisesse, mas não me sentia bem a fazê-lo e não fazia bem ouvi-lo. Já perto das portagens, já próximos de atravessar a Ponte 25 de Abril, o Ezequiel diz:

-Qeu, podia dizer-te que se quiseres podes falar comigo e desabafar, que só te fazia bem, que somos amigos e iria escutar-te e aconselhar-te, mas eu estou no meio deste problema. Não me consigo separar e ver este problema do lado de fora, eu amo-te e o amor supera qualquer sentimento de amizade. Não vou desistir de ti, quer seja enquanto amigo ou namorado. Tu fazes-me feliz. – Sorri. Podia ter desiludido o João, mas não tinha desiludido o Ezequiel, e ele não ia desistir de mim. A mão dele estava sobre as mudanças do carro e eu pousei sobre ela e disse:

-Obrigada Ezequiel. Por tudo! – Sorrimos. – Desculpa pelo golpe que te dei, por te ter posto no hospital, por ter ferido os teus sentimentos e por ter acabado a nossa relação. Desculpa tudo o que fiz.

-Qeu, claro que não te vou dizer que compreendo o que fizeste e desculpo, mas é a tua maneira de ser, talvez um dia mudes e sei que se algum dia voltarmos, tu vais tentar mudar e eu te ajudarei.

Não consegui responder, apenas engoli em seco. O único som que se ouvia no carro era do rádio, onde se ouvia músicas, umas conhecia, outras não e diziam-me mais que outras. E era bom ouvir músicas em vez de palavras, descreviam tanto os bons momentos como os maus, descrevia, se fosse preciso toda uma vida. E uma música de um cantor espanhol que adorava e cantava bem, Pablo Alborán, não podia ter vindo em melhor altura. Era incrível como tinha acabado uma relação há pouco mas não pensava muito nisso, mas sim, no facto de estar sozinha com o Ezequiel.

Si alguna vez preguntas el por que (Se alguma vez perguntares o porquê)
No sabré decirte la razón (Não saberei dizer-te a razão)
Yo no la sé (Eu não a sei)
Por eso y más (Por isso e muito mais)
Perdóname (Perdoa-me)

Si alguna vez maldicen nuestro amor (Se alguma vez maldizeres o nosso amor)
Comprenderé tu corazón (Compreenderei o teu coração)
Tú no me entenderás (Tu não entenderás)
Por eso y más (E por isso e muito mais)
Perdóname (Perdoa-me)

Ni una sola palabra más (Nem uma palavra mais)
No más besos al alba (Nem mais beijos pela manhã)
Ni una sola caricia habrá (Nem uma única carícia haverá)
Esto se acaba aquí (Isto acaba aqui)
No hay manera ni forma (Não há maneira, nem forma)
De decir que sí (De dizer que sim)

Ni una sola palabra más (Nem uma palavra mais)
No mas besos al alba (Nem mais beijos pela manhã)
Ni una sola caricia habrá (Nem uma única carícia haverá)
Esto se acaba aquí (Isto acaba aqui)
No hay manera ni forma (Não há maneira, nem forma)
De decir que sí (De dizer que sim)

Si alguna vez (Se alguma vez)
Creíste que por ti (Acreditaste que por ti)
O por tu culpa me marché (Ou por tua culpa me fui)
No fuiste tú (Não foste tu)
Por eso y más (Por isso e muito mais)
Perdóname (Perdoa-me)

Si alguna vez te hice sonreír (Se alguma vez te fiz sorrir)
Creístes poco a poco en mi (Acreditaste pouco a pouco em mim)
Fui yo lo sé (Fui eu, eu sei)
Por eso y más (Por isso e muito mais)
Perdóname (Perdoa-me)

Ni una sola palabra más (Nem mais uma palavra)
No más besos al alba (Nem mais beijos pela manhã)
Ni una sola caricia habrá (Nem uma única carícia haverá)
Esto se acaba aquí (Isto acaba aqui)
No hay manera ni forma (Não há maneira, nem forma)
De decir que sí (De dizer que sim)

Ni una sola palabra más (Nem mais uma palavra)
No más besos al alba (Nem mais beijos pela manhã)
Ni una sola caricia habrá (Nem mais uma carícia haverá)
Esto se acaba aquí (Isto acaba aqui)
No hay manera ni forma (Não há maneira, nem forma)
De decir que sí (De dizer que sim)

Siento volverte loca (Sinto-me louco)
Darte el veneno de mi boca (Dar-te o veneno da minha boca)
Siento tener que irme así (Sinto por ter, que me ir assim)
Sin decirte adiós (Sem dizer adeus)

Siento volverte loca (Sinto-me louco)
Darte el veneno de mi boca (Dar-te o veneno da minha boca)
Siento tener que irme así (Sinto por ter, que me ir assim)
Sin decirte adiós (Sem dizer adeus)

Laralalalaralalarala
Laralaalala
Lalalalara

Ni una sola palabra más (Nem mais uma palavra)
No mas besos al alba (Nem mais beijos pela manhã)
Ni una sola caricia habrá (Nem uma carícia haverá)
Esto se acaba aquí (Isto acaba aqui)
No hay manera ni forma (Não há maneira, nem forma)
De decir que sí (De dizer que sim)

Ni una sola palabra más (Nem mais beijos pela manhã)
No mas besos al alba (Nem mais beijos pela manhã)
Ni una sola caricia habrá (Nem uma carícia haverá)
Esto se acaba aquí (Isto acaba aqui)
No hay manera ni forma (Não há maneira, nem forma)
De decir que sí (De dizer que sim)



O Ezequiel cantou aquela música totalmente em espanhol, num espanhol perfeito que me fez suspirar. Soube-me bem ouvi-lo cantar. Gostava do cantor, da língua, gostava... Do Ezequiel. Conhecia muito bem o cantor, mas não aquela música e conhecê-la com aqueles dois homens a cantar foi, especialmente bom. Aquela letra relacionava-se com o fim da minha relação com o João, mas também com o Ezequiel. Custou-me ouvir aquilo e não chorar, mas engoli em seco, evitei as lágrimas. Preferi ouvir e sentir o silêncio. Foi difícil não confessar aquilo que sentia, já estava habituada e era de mim guardar o meu sofrimento mas tinha que me expressar. Não estava à espera que o João acabasse a nossa relação, eu gostava dele.
Foi já perto de minha casa, que deixei cair duas lágrimas teimosas. Seguidas de imensas lágrimas, de medo, de raiva, de tristeza, mas acima de tudo desilusão. Estava desiludida com o João, muito, porque não esperava isto dele, mas principalmente comigo mesma. Não devia ter feito nada para magoar nenhum deles, corria o risco de perder ambos por um ato de puro. Egoísmo.

Baixei a cabeça e pousei sobre a palma das minhas mãos, e os cotovelos pousaram sobre as minhas pernas. Não queria que ele visse as lágrimas a escorrer pela minha face, nem que sentisse a minha respiração ofegante. Não queria que ele dissesse nada, apenas que me deixasse acalmar, que pousasse a mão sobre o meu ombro e não dissesse nada. Estacionou o carro, sem se aperceber que chorava. Reparou que eu chorava. Saiu do banco e segundos depois, senti a porta ao meu lado abrir. Pousou a mão sobre o meu ombro e disse:

-Qeu, fala comigo. Explica-me aquilo que sentes, o que não sentes, o que pensas. Fala comigo, se isso te ajudar. – Levantei a cabeça e pela primeira vez naquele dia cheio de emoções, senti-me amada, quando ele me olhou olhos nos olhos. O meu primeiro impulso foi beijá-lo, para me sentir ainda melhor, mas consegui segurá-lo. Limpei as lágrimas e disse:

-O João acabou tudo comigo. – Disse de uma só vez, talvez se assim fosse me custasse menos a digeri-lo. – Eu amo-o. E por isso estou a sofrer, porque eu amo-vos e desiludi-o, e desiludi-me a mim mesma. – Deixei cair mais duas lágrimas mas ele rapidamente limpou-me com os dedos polegares.

-Tudo acontece por algum motivo. – Disse calmamente. – Talvez assim tu entendas quem tu amas mais e percebas que nos magoaste aos dois, mas iludiste-te. Existem coisas que tu não consegues controlar, coisas que te ultrapassam e os sentimentos, não mandas neles. – Sorriu e continuava com o olhar fixo em mim. – Tu só podes amar e querer ter ao teu lado um.

-Neste momento quero-te a ti. – Disse, nada convicta do que dizia. Ele olhou-me sorriu e fomos aproximando os nossos lábios cada vez mais. Ele fez com que os nossos lábios se tocassem, mas esperou que eu retribuísse para aumentar o ritmo do beijo. Que só terminou quando o ar nos escasseava. Olhamo-nos depois de separarmos os nossos lábios e eu fugi de perto dele. Estava a enganar-nos. A iludir, eu não sabia o que queria, porque motivo lhe tinha dito aquilo e retribuído o beijo? Soube-me bem, senti-me nas nuvens, feliz. Mas podia não significar nada, podia tê-lo usado para esquecer por segundos, o João. E consegui, mas não se podia repetir.

(Passado alguns dias)

Nos últimos quatro dias tenho falado com o João e já estive com ele também, falamos enquanto amigos. Pusemos qualquer ódio ou recentimento e concentramo-nos nos bom sentimentos que nutríamos. Ele precisou de falar, de desabafar, de se sentir melhor e falar com um amigo. E eu não deixava de ser sua amiga, a sua melhor amiga. Soube-me bem falar com ele, ouvir o seu desabafo e ele ouvir o meu. Fez-me sentir que ele era realmente o meu melhor amigo. Não me pressionou para saber se já tinha tomado uma decisão, não me pressionou para nada. Ouve um momento mais constragedor, que ele causou, estivemos a milímetros de um beijo e eu quis ainda mais juntar os meus lábios mas ele fugiu, afirmando que não me queria pressionar. E soube-me bem, saber que apesar dele gostar de mim, não me pressionava, queria apenas a minha felicidade, podia magoá-lo mas ele estaria do meu lado.
Estava sozinha em casa, numa terça-feira á tarde e ontem jogou o Benfica, o que significa que o Ezequiel hoje está de folga, mais precisamente em casa. O João está fora de Lisboa, foi jogar á Madeira o que significava que não podia estar com ele, embora me sentisse sozinha. Ouvi a campainha tocar e não estava á espera de ninguém, decidi abrir a porta embora não esperasse ninguém. E deparei-me com o Ezequiel, ofegante. Tinha corrido bastante, conhecia-o, pouco mas sabia esta pequena particularidade dele. Olhou para mim e disse.

O que terá dito Ezequiel?
E porque terá corrido para estar com Qeu? Quem é que ela escolherá?

1 comentário:

  1. Opa amo quero muito muito muito o próximo!
    Espero que o Ezequiel tenha vindo a correr para matar saudades, o João é bonzinho, mas a Qeu merece ficar com o Garay.

    Estou aqui à espera do próximo :)

    ResponderEliminar