-Eu não queria fazê-lo assim… Mas tu não me deixaste outra alternativa.
– Disse naquele português espanholado. – Na verdade eu menti-te. – Se havia coisa que eu detestava era a
mentira e não tolerava que por algum motivo o fizessem. Não sabia o motivo e o
que levara a tal mas não era forte o suficiente. – Eu nunca deixei de gostar de ti. Na verdade eu não estou contente com a
minha posição de teu amigo. Eu quero… Algo mais. Gosto de ti. Eu sei que neste
momento namoras com o João, mas depois da história do bebé não acredito que não
sintas nada por mim. É impossível, tu gostas de mim, eu sinto, eu sei. E
juntos, sei que podemos ser felizes. Deixa o João, por mim. – Fiquei sem
reação possível. Não esperava aquelas palavras, não de todo. Estava tão feliz
com o João e gostava dele, mas criei uma certa ligação com o Ezequiel. Afinal
nós (pensamos) esperar um filho. Nós tínhamos falado sobre o que queríamos em
comum e falamos em amizade, eramos amigos e nada mais me tinha passado pela
cabeça.
Desliguei a chamada e o
telemóvel. Podia não ser meu, mas eu nem pensei nisso. Voltei para o quarto
onde estava a dormir ao lado da minha prima e comecei a olhar para o teto, o
sono não aparecia e a minha cabeça estava longe de todo e qualquer pensamento.
Por isso liguei o computador que a Rita tinha no quarto dela e era escusado
pensar que ela acordaria, não acordava por nada. Como não sabia o que pensar ou
fazer, acabei por pesquisar fotografias do João e do Ezequiel.
O João é o meu namorado,
prova todos os dias que gosta de mim e me quer presente na vida dele. Um passo
de cada vez era o nosso lema, e tínhamos tanto em comum, passamos por muitas
experiências juntos. E eu sentia-me feliz ao lado dele, imaginava o nosso
futuro juntos, em casarmo-nos e sermos felizes juntos, termos os nossos filhos
e realizarmos os nossos sonhos. O João tinha apenas 18 anos (prestes a fazer 19)
mas parecia tão “menino” mas ao mesmo tempo tão homem, era diferente do
Ezequiel, parecia ter tanta estabilidade mas por um lado tudo pode acabar,
afinal não deixava de ter a tenra idade que eu também (quase) tinha. Mas pela
primeira vez, eu sentia que era o homem que precisava na minha vida. Tinha
segurança e estabilidade, como nunca a tive. E sentia-me numa calma super
natural e feliz, como não esperava.
O Ezequiel é em parte, o
meu passado mas ao mesmo tempo é o meu presente. É meu ex-namorado, mas está na
minha vida e do meu namorado. Lutou por mim quando eu já tinha desistido dele,
e assumiu que gostava de mim quando eu lhe dizia exatamente o contrário, e
agora que tenho namorado, ele volta a assumi-lo. Fui feliz ao lado dele, mas
neste momento sou mais ao lado do João, mais do que fui quando namorava com o
Ezequiel, apesar de termos estado juntos tão pouco tempo. Vivemos experiências
diferentes, eu fiz-lhe mal mas ele continua a gostar de mim, no fundo talvez
seja eu com medo de não sei. Ele já era um homem, tinha 26 anos, já tinha
vivido milhões de experiências que nem me passavam pela cabeça, já tinha uma
estabilidade de um homem adulto e eu não a tinha, mas queria senti-la, mas por
um lado o João fazia-me mais feliz do que me senti com o Ezequiel.
Perdida em pensamentos,
mas com a cabeça dividida fui até ao meu facebook, e depois de andar as ver as
novidades, fui até ao perfil do meu namorado e li com muita atenção o texto que
ele tinha partilhado:
“Existem sentimentos que demoras uma vida para conseguir traduzi-los, por vezes podem ser dores, que não cabem no nosso peito, dores que pensamos que nunca mais voltaremos a ser os mesmos, que não conseguimos mais ser felizes. Pensava que não conseguia mais viver sem a minha mamã, que ela era o meu tudo, mas fui forte e estou vivo e luto por ti. Tu olhas por mim e pelo maninho no céu. E rezas por mim e por quem me faz (dentro dos limites) ser feliz, é ela que me compõe aos poucos, que me faz sorrir, que me faz sentir bem. E posso dizer orgulhosamente que te adoro, minha Qeu <3 “
Mas… Mas… O Ezequiel e o
João tiraram o dia para me surpreender? A atitude romântica, a declaração de
amor do meu namorado, deixou-me nas nuvens. O sentimento que nutrimos um pelo
outro é forte, e não é apenas o impacto do início da relação em que tudo é
rosas. Aliás a nossa relação começou com espinhos, difíceis de ultrapassar, que
nos podiam fazer desistir de tudo, mas não. Lutamos e Deus esteve a nosso
favor, e hoje depois de espinhos estamos nas pétalas das rosas. E hoje,
sinto-me bem. E talvez isso, tenha provocado esta dificuldade na vida,
custava-me assumir mas talvez não estivéssemos destinados a estar juntos. Mas
eu lutarei contra a exaustão, contra tudo para ficarmos juntos. Como é que
fiquei tão presa á declaração do Ezequiel.
Respondi á declaração do
João, sobre a sua mensagem com o seguinte:
“ Nem tenho resposta possível… Tu surpreendeste-me e qualquer texto que escreva não tem comparação, nem forma bonita ou á altura do que tu… Sentes e escreves. Não tenho muito talento para a escrita mas aqui vai: Sabes aquele sentimento tão forte que te faz lutar mesmo contra os teus próprios sentimentos? Que te faz adorar e acreditar em algo que nunca pensaste acreditar? E tudo o que sonhei, tudo o que pensei para um amor tu tens-te demonstrado assim! E eu tenho mais orgulho em ti, que tenho em mim, adoro-te João <3”
Não tínhamos assumido a
relação publicamente, mas com aquelas declarações haveria algo melhor? Eu
queria que toda a gente soubesse o que sentia por ele, que estávamos juntos,
mas não queria ter fama por isso. Queria cantar, dançar, libertar em forma de
dança todas as minhas energias e se algum dia lutasse por este sonho, viria “as
minhas pernas cortadas” porque seria sempre a “eterna namorada” de alguém. Mas
eu sentia que podia pensar num futuro com ele. Afinal quem, quando está numa
relação, não pensa?
Decidi ir até ao meu
twiter, onde por acaso também segui o do Ezequiel. E escreveu em espanhol, o
seguinte tweet, mas eu consegui traduzir para português:
“Às vezes uma amizade não nos completa, por vezes é preciso um amor para nos fazer felizes. R”
Aquele tweeter era direto
para mim. Ele não me tinha dito esta frase, nem tinha escrito o meu nome, mas
era direto para mim. Falava em amizade e amor, e eram essas palavras que tinha
utilizado quando falara comigo.
Eu…Cada vez estava mais
certa que começava a amar o João, afinal era o meu namorado. Já tinha pensado
no nosso futuro juntos, já o tinha idealizado, o que nunca acontecera com um
namorado meu. Só com o Ezequiel. E isso foi depois do fim da nossa relação,
tínhamos um filho em comum para criar, teria de pensar, afinal ele queria ser
um pai para o meu filho. Nem mesmo se eu não o quisesse na minha vida, e não
tinha o direito de lhe tirar o papel de pai. E era tão difícil ser mãe
solteira, e pelo que conhecia dele parecia ser o pai ideal par o meu filho.
Podia dar-lhe tudo o que eu não podia e essa ideia agradava-me.
Eu gostava do João,
sentia-me bem próxima dele, queria estar com ele, haveria mais alguma dúvida a
ter em relação ao meu namoro e ao meu ex-namorado? Não, a decisão era demasiado
óbvia. Estava ao lado do João, em qualquer altura e amanhã sem dúvida, falaria
com ele sobre o que se passou hoje. Queria dizer-lhe o que o Ezequiel me
confessou, mas tenho medo que ele faça algo que se arrependa, mas eu confio
nele e com a sua personalidade e feitio duvido que faça algo de mal. E como
conseguiria esconder algo tão forte dele? Como conseguia viver a esconder algo tão
forte, tão, posso confessar gigante? Com tantos pensamentos e já esgotada por
tantos pensamentos e emoções, acabei por me deitar e adormecer pouco depois.
Mas não sem antes ligar o telemóvel.
Cobri o meu corpo com as
mantas e sonhei, sinceramente não me recordo com o que foi. Acordei de manhã com
o som do telemóvel, o meu sono era leve e foi abalroada por tal. Peguei sem
abrir os olhos nele e atendi.
-Sim. – Disse
quase a esticar a curta palavra ao máximo, de tamanha preguiça que sentia.
-Bom dia princesa!- Eu
conheci-a e bem aquela voz. Fez-me logo sorrir e sentar na cama. Ele era melhor
que café pela manhã. Ouvir a sua voz pela manhã era tão gratificante, tão calmo
e tão bom. – Acordei-te?
-Sim, mas não faz mal. És melhor que café pela manhã! –
Disse enquanto me levantava da cama.
-Só tu para me pores bem-disposto a esta hora! Como
estás?
-Estou bem, como era possível não estar depois de
acordar com a tua voz? E tu?
-Acordei bem mas sinceramente não me sinto grande
coisa. Estou naqueles dias em que só me apetece chorar, daqueles dias em que
tudo me desilude e entristece. Que me sinto só.
-Vou só tomar banho, vestir-me e vou ter contigo. Mas
escuta-me tu não estás só, estarei sempre aqui a teu lado. Tens amigos e a tua
família, nunca vais caminhar sozinho!
-Vou agora para o treino, amor… Podes vir ter comigo
mas vais ficar á espera. Agora no treino vou conseguir concentrar-me para mais
logo conseguir dar o meu melhor no jogo. E eu sei que não estou sozinho, mas
estou naqueles dias em que me sinto em baixo. – Disse baixando o tom de voz.
-Não te esqueças que tens a estrelinha mais brilhante
do céu a olhar por ti! E não desanimes com certeza os teus colegas te animaram
e eu estarei aqui sempre para ti!
-Obrigada princesa mas agora tenho de ir para o treino…
Desculpa amor.
-Não faz mal. Vai lá meu bem. Depois quando puderes
liga-me.
-Está bem amor. Até já! Gosto muito, muito de ti!
Beijinhos
-Eu também gosto muito, muito! Beijinhos e bom treino!
Desligamos a chamada e eu
comecei a sentir saudades dele, do seu beijo, do seu toque, do seu abraço.
Comecei a sentir saudades… Dele. E todos aqueles sentimentos eram novos para
mim, eu nunca tinha realmente gostado de alguém. Podia dizer que por enquanto
somente o adorava, mas se continuar a sentir todos estes sentimentos de uma
vez, posso (e confesso que tenho medo) de o amar. Eu não fui feita para estar
“presa” a relações, para estar presa a alguém e confesso que tenho medo de me
magoar, mas também magoar essa pessoa.
Tenho medo de falhar
enquanto namorada e amiga, e o João não merece que eu falhe. Ele tem sido
perfeito para mim e eu não posso dar-lhe tudo o que precisa, tudo o que deseja,
eu só posso prometer que lutarei por nós.
Fui tomar banho e
vesti-me. Acordei a minha prima que nos foi preparar o pequeno-almoço e eu fui
até ao computador, saber mais sobre o jogo que a equipa B do Benfica e
principalmente o “meu” João faria. Era contra o líder da Liga de Honra, contra
o líder. Era um jogo difícil, mas com certeza iriamos ficar com uma vitória mesmo
que difícil. Como diz o Jorge Jesus: “nem que fosse por meio a zero”. Eu tenho
fé no Benfica e sei que o João faria tudo pela equipa e os seus colegas também.
Não só em nome próprio como em nome da grande equipa que representam.
--------------------“ --------------------
O
tempo passou e passou. O meu namorado foi mais forte e embora o treinador
pensasse e os colegas que ele não se sentia bem para jogar, ele decidiu que
queria, iria fazê-lo por ela. E pela sua mãe. Foi convocado e era titular. Voltei
a falar com o João e ficou combinado que íamos ver o jogo á bancada
presidencial, apenas eu e a Rita. Mas ele não se sentia bem, estava triste e
desanimado e isso deixava o meu coração fraco, ficava triste a saber que ele
estava assim. Gostava dele, por isso tudo o que ele sentia, eu sentia também. O
nosso amor não era irreal mas era forte o suficiente para estarmos juntos na
felicidade e na tristeza, a qualquer momento.
Como
seria de esperar o Benfica ganhou com uma grande diferença e o João fez um
grande jogo, mas eu sabia bem que ele não estava bem. Apesar do seu brilhante
jogo, eu sabia que a sua vontade era de chorar e sofrer, só ou acompanhado mas
eu acompanhá-lo-ia em todos os momentos, porque mais do que namorados, nós
também somos melhores amigos. Ou posso confessar que somos amigos.
Mentalizei-me neste curto espaço em que estive com ele que a base para uma boa
relação é não só a confiança, como a amizade. E eu adorava-o, muito. Talvez
fosse todo este conhecimento de novos sentimentos que me deixe a temer o
futuro. Mas algo era certo, precisava dele. E sabia que esse sentimento não
desaparecia da noite para o dia. Quem sabe, o meu subconsciente ousado,
pensasse no nosso futuro, casados e com filhos. Mas confesso, espero que não
para tão cedo. Mas a chamada do Ezequiel marcou-me. Não sei porquê mas
marcou-me. Ele… Amava-me. Ou então só me adorava, não sei. Mas saber que queria
estar comigo e não puder, ou melhor eu não querer faz-me sofrer. A minha
intenção era de todo menos de o magoar, não queria viver a mesma situação que
ele e nunca a vivera na pele. Mas deve ser um dos piores sentimentos do mundo,
saber que o amor não é correspondido. Sai do estádio e a minha prima despediu-se
de mim, foi ter com o Nico e eu fui até ao Centro Comercial Colombo passear. E
algumas recordações voltaram á minha cabeça:
(Recordação)
(…) Sorri virei costas e fui embora. As minhas 3
amigas já me esperavam, tinha combinado ir passear ao Colombo com elas como
notei a Rita um pouco triste, como já sei que ela em baixo precisa de espaço
não a convidei, disse-lhe apenas que ia com a Bárbara e a Telma. Fizemos-nos ao
caminho e passeamos durante um bocado. Assim que decidimos ir embora, recebo a
chamada da Rita que ia jantar com um amigo e com um amigo do amigo e queria a
minha companhia, aceitei claro. Apanhei a Rita no carro que por sua vez não era
o carro dela.
O condutor era totalmente surpresa para mim... Era
pois, nem mais nem menos que Nicolás Gaitán! Pensei realmente esta miúda
consegue tudo o que quer, poderosa! Não lhe perguntei nada, preferia deixar as
minhas dúvidas que eram mais de 100 e apenas seguir viagem. Eles falaram
durante a viagem e eu fiquei apenas calada ouvindo tudo parecia o Artur
naqueles jogos cuja equipa adversária nada ataca: era mera espectadora. E
chegamos a um local onde estava nem mais nem menos que “aquele” amigo do
Gaitán…
(Fim de Recordação)
Fui
passear pelo Colombo enquanto esperava a chamada do João, queria estar com ele.
Mas a minha cabeça estava longe por isso peguei no telemóvel e liguei… O
Ezequiel era uma excelente pessoa, um excelente homem e amigo. Precisava e
merecia uma resposta, estava na hora de ser “mulherzinha” e responder-lhe. Mas
o quê?
O
que responderá Qeu á declaração de Ezequiel?
E
como reagirá ele a tudo? Será que ela vai conseguir “animá-lo”?
Fantastico adorei adorei adorei.bjs
ResponderEliminarHola guapa!!! :D
ResponderEliminarJá sabes que amei muitão este capítulo, este e todos os outros que escreves! Escreves maravilhosamente, és uma brilhante escritora e não tentes dizer o contrário :p
E só gostei porque para tua sorte e para bem dos teus afilhados, lá tive de me habituar á Qeu com o João e não com o Ezequiel, e ainda por cima sem bebé nenhum :c
Eu sabia, eu sabia, o Ezequiel ama a Qeu!!! Tu junta-os, sff! Tadito não gosto nada de o ver assim, depois de tudo o que aconteceu eles merecem ficar juntos, o João que me desculpe mas o Ezequiel encosta-o a um canto xD
Eu queria que ela respondesse que também o amava e que voltasse para ele , mas como tu és má sei que não o vais fazer :c Já que não os vais juntar, pelo menos é o que penso, deixa-os andarem mais próximos que assim logo, logo eles ficaram juntinhos e felizes e com um verdadeiro júnior para cuidar!!!
Quero rápido o próximo, Rita Maria!!! Dá corda aos dedinhos e toca a escrever!
Besos
Beatriz