quinta-feira, 13 de junho de 2013

Capítulo 26 “João ou Ezequiel? Cabeça ou coração?”

Eu queria dizer-lhe exatamente o que sentia, mas eu não sabia bem o que sentia, mas sabia exatamente o que pensar, sempre me disseram para pensar com o coração e não com a cabeça, mas eu aprendi que devia pensar com esta, para evitar sofrer. Queria apenas o melhor para o Ezequiel, queria que ele fosse feliz, ele merecia isso por tudo aquilo que era e por tudo o que vivi ao lado dele, eu gostava que ele encontrasse alguém que o amasse e que o fizesse feliz, alguém que o merecesse, eu gostava e desejava que ele encontrasse alguém como eu encontrei o João, que me faça feliz. E eu sabia que eu nunca era pessoa para o Ezequiel, como não era para o João, mas se ele lutara por mim e gostávamos um do outro porque não tentar?
Respirei fundo e comecei a chamada… Um toque, dois toques, três, quatro e cinco. A cada um eu sentia-me a ficar mais nervosa, parecia que me faltavam as palavras, o que achei uma parvoíce. Nós eramos amigos porque razão haveria de ficar assim? Eu não o queria magoar, queria o melhor para ele, que ele fosse feliz com os que ama e comigo ele nunca seria feliz. Não sou previsível, muitas vezes tomo atitudes que nem eu as entendo e o Ezequiel merecia alguém mais maturo e eu sentia que não a tinha, ele merecia alguém melhor. Além do mais eu estou apaixonada pelo João, e queria dizê-lo mas ao mesmo tempo não, queria que o Ezequiel soubesse que o melhor para ele era esquecer-me mas não o queria magoar. Mas como faria isto? Perdida assim nem entendi que já tinha chegado ao correio de voz, por isso decidi respirar fundo e deixar a minha mensagem:
“-Ezequiel… - Respirei fundo. – Não sei como te dizer isto mas aqui vai. – Fechei os olhos e imaginei que estava a conversar diretamente com ele, mas sem o olhar diretamente naqueles olhos e naquela barba extremamente atraentes e que me iam tirar toda a vontade de falar com ele. Concentra-te Raquel! – Ontem não tive a atitude correta, devia ter-te respondido como merecias, mas não o fiz. Foi uma atitude infantil da minha parte. – Abri os olhos. – Desculpa, tu não merecias. Mas eu também não te mereço, tu mereces alguém previsível, alguém que te dê tudo o que tens direito e eu nunca te darei, tu és demasiado para mim. Sei que não devia estar a deixar este recado idiota no teu correio de voz que provavelmente nem ouvirás mas pelo menos tentei. Vou dar-te um conselho de amiga, esquece-me e procura alguém que realmente te mereça e que te faça feliz, como eu nunca faria. Mas não é conversa para se ter ao telemóvel, quando puderes liga-me ou assim para combinarmos qualquer coisa e falarmos os dois. Beijinhos. – Desliguei e a chamada de voz foi enviada.

É estranho tudo aquilo que me está a acontecer, eu não merecia que o João e o Ezequiel lutassem por mim, era estranho tudo o que vivia na pele. Vivi uma história com o Ezequiel, não posso negar, e foi uma história intensa mas deu uma volta enorme. Começamos por nos conhecer e envolver, depois começamos a namorar e acabamos, dei-lhe um “golpe baixo” e acabei por “descobrir a gravidez”, isto tudo em alguns meses… Parece que saltamos muitas etapas em pouco tempo. Depois odiamo-nos e ele aceitou a custo o nosso filho, depois descobrimos que não havia bebé e eu comecei a namorar com o João (até a falar do Ezequiel o meu namorado não me sai da cabeça!) e eu e o Ezequiel tornamo-nos amigos, mas ele decidiu ligar-me e confessar que me ama… Eu nunca tinha ouvido da boca de nenhum homem que me amava, nem da boca do pai do Rodrigo, a primeira pessoa de quem o ouvi foi do Ezequiel e isso marcou-me.
Acabei por passear pelo centro comercial e passear, aproveitei para ver algumas coisas que as lojas tinham, consegui distrair-me, ou melhor não pensar neles durante um bocadinho mas sempre que me lembrava agarrava no telemóvel. Tanto para ver se o Ezequiel já tinha dado sinais de vida ou se o João já estava despachado. A minha vontade era pegar num táxi e ir ter com o Ezequiel, saber o que ele achava, pedir-lhe desculpa, fazer qualquer coisa que o fizesse sentir melhor, podia até ter uma atitude que depois me fizesse arrepender mais tarde, fosse uma atitude má mas era uma atitude, mais ou menos rebelde, mais ou menos parva. Ou então, para ver se o João, já me tinha ligado para falarmos, para estarmos juntos e eu lhe dar os parabéns. Para o animar, não lhe iria dizer o que atravessava, nem o que ia no meu pensamento, não lhe iria contar nada do Ezequiel. Ficaria apenas comigo este pequeno segredo até ele ficar bem, não queria arranjar problemas, até porque ele os tinha bem melhores.  E não ia faltar no dia de hoje, ele precisava de mim e eu não iria falhar, como falhei com o Ezequiel.

Acabei por ir ao twitter e lembrei-me do que o Ezequiel tinha publicado na noite anterior, e acabei por publicar também, em forma de indireta, ao que se passava na nossa vida.

"Quando não sabes o que pensar ou o que sentir, aposta no que sabes.. Ou no que não sabes!"
Não sabia se o Ezequiel entendia que aquela mensagem era para ele, mas difícil era não entender. Eu sabia que o João não seguia o meu twitter, e gostava que assim fosse, tinha alguma liberdade, sem ter de me justificar a ninguém. Aliás todas as pessoas relacionadas com aquela rede social, nenhuma delas eu conhecia pessoalmente, ou melhor fazia parte da minha vida. Exceto o Ezequiel. Ele entretanto também tinha publicado um tweet, quem diria que num curto espaço de tempo tínhamos publicado dois pensamentos semelhantes na mesma rede social.

"É cómico como o amor consegue ser caricato... A cabeça está numa pessoa e o coração noutra. E agora?!"
Será que ele se estava a referir a mim?! É verdade que eu não sei o que pensar, nem o que sentir. Eu gosto do João, eu namoro com ele, sinto-me bem ao lado dele. Sou feliz ao lado dele. Não quero abdicar dele na minha vida, não quero que ele deixe de ser meu namorado, estou bem ao lado dele. Além do mais eu já conhecia o João antes de conhecer o Ezequiel, já tínhamos uma pequenina história, é nossa e ainda podemos escrever muito mais. Eu já imaginei o nosso futuro, casados e com filhos. Duas crianças, um menino e uma menina, cada um com o nome do falecido avô. Eu imaginei e senti coisas com o João que nunca tinha sentido. Mas o Ezequiel... É ele mesmo. Temos uma história caricata e conheci-o numa altura em que não havia o mínimo de planos para o conhecer, a mística da gravidez, a gravidade da situação em que o pus, o nosso (amor) que se transformou em ódio, que se transformou em amizade. Não posso ter o coração baralhado, já não sou uma adolescente típica de 14/15 anos confusa quanto ao que sente e a dois rapazes. Não, eu tenho 18 anos, normalmente é o fim da adolescência e o inicio da idade adulta, devia ser a altura das certezas e das decisões. Como poderia gostar de alguém, de namorar com essa pessoa e mesmo assim não saber o que sentir em relação a outra? Os sentimentos deviam ser claros, devíamos saber exatamente o que sentir, o nosso coração devia dizê-lo de forma clara e simples, e se nos deixasse alguma dúvida, devíamos consultar a nossa cabeça, ela devia ser a mais simples, a solucionadora dos nossos problemas. Mas até aqui tenho azar, porque o meu coração não é claro, este diz-me que tenho duas histórias.. Com os dois, completamente diferentes. E dizia-me que eu gostava dos dois, mas é possível gostar de dois rapazes ao mesmo tempo? A minha cabeça dizia que eu era feliz ao lado do João, que deveria esquecer o Ezequiel, porque é com o João que estou bem e feliz. Distraída com os pensamentos mais complicados que há memória na história da minha cabeça e coração quase não ouvia o toque do telemóvel. Esperava que fosse o  Ezequiel a combinar o nosso café, mas assim que olhei para o ecrã senti alguma desilusão... Era o João. Eu não devia sentir isto, eu devia estar feliz só de pensar nele. Depois de respirar fundo, acabei por clicar no botão verde e atender a chamada.

-Olá príncipe! – Disse eu, fingindo-me de entusiasmada. Eu queria estar com ele e animá-lo, queria tê-lo ao meu lado mas tinha medo que ele entende-se que algo não estava bem. – Então onde estás?

-Estás estranha Qeu e não me mintas porque sei que algo não está bem, eu conheço-te. Estou a pegar no carro e vou ter contigo á porta principal do Colombo daqui a 5 minuto sim? – Disse o João. Bolas! Ele entendeu que algo se passava até depois de eu tentar que ele não percebesse que algo não estava bem.

-Sim...  Realmente algo não está bem. – Disse calmamente. – Estou preocupada contigo. E só fico bem depois de saber que estás minimamente bem. – Eu conhecia-o e ele a mim por isso percebi que sorria.

-Nós os dois somos um só. – Disse e eu senti o meu coração bater ferozmente, ainda ficava com um nervoso miudinho sempre que sabia que ia estar com ele. – Vá agora vou desligar para fazer-me a caminho. Beijinhos gosto muito, muito de ti. – Não gostava de responder eu também, mas não me sentia á vontade de responder que também gostava muito dele, não depois de tantas dúvidas nesta cabeça e coração por isso optei por algo que não era vulgar em mim.

-Beijinhos. Eu também! – E desliguei a chamada sem lhe dar tempo de muita resposta. Eu faria tudo para ele não entender que algo estava diferente em mim, mas sei que ele iria desconfiar, porque existe palavras que inevitavelmente ele ira compreender que não eram comuns em mim e que as diria. Mas faria tudo para ele não entender que algo estava diferente em mim, porque ele não se sente bem e precisa do meu apoio e tudo o que me envolvia estaria em segundo plano. Eu gostava dele e muito, mas porque é que o Ezequiel me estava a afetar tanto?!

Acabei por sair do sítio onde estava e ir até junto da porta principal daquele centro comercial e pouco esperei até que apareceu o João e eu fiquei feliz, sorri e cumprimentei-o com um beijo sentido, mas nem enquanto o beijava me conseguia esquecer do telefonema do Ezequiel e do recado que lhe deixara no telemóvel. Será que ele responderia?! Será que tinha visto e não queria responder?! Qeu concentra-te, estás com o João, o teu namorado!!

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Estive um bom bocado com o João e consegui animá-lo, ele estava mesmo triste, muito desanimado, nunca o tinha visto assim e isso doía-me no coração. Saber que não podia fazer nada por ele, magoava-me que a vida não fosse justa, nem um pouco, ele não merecia que a vida fosse tão injusta mas não podia fazer nada. Mas nunca deixaria de o ter ao meu lado e de eu o ter ao meu lado. Porque mais do que namorados somos melhores amigos. E isso não há nada que mude.

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Mas os momentos de mais ternura, amizade, carinho e ternura, as minhas tentativas de o animar, tornaram-se em momentos mais românticos, em momentos mais de cumplicidade, pode parecer errado mas como parava algo que me parecia tão certo na altura?

Estávamos sentados no sofá, a trocar beijos mais intensos, mais românticos e sentimentais, talvez estivéssemos assim num momento mais carente e isso estivesse a fazer com que o momento não fosse conduzido pelo sentimento correto. O sentimento de perda que ele nutria, o negativismo e a morte que ele sentia no coração e a minha cabeça confusa em relação a dois rapazes deram origem a que a mão dele fosse para dentro da minha camisola, e senti um arrepio atravessar a minha espinha. Mas deixei-me levar pelo momento, eu gostava muito do João, mas ainda não poderia dizer que o amava e sabia que o iria fazer me ajudava a clarificar o que sentia. Nenhum dos rapazes merecia que eu lhes estivesse a fazer isto, mas eu também não o queria, de forma alguma, mas a culpa disto tudo era da minha cabeça e coração.

As mãos do João começaram a explorar o meu corpo foram seguindo a direção da minha cara, até que chegaram próximas das minhas mangas, sem nunca os seus lábios saírem dos meus, até que no momento em que ia despir a minha camisola, separou os nossos lábios e me olhou olhos nos olhos, como pedindo autorização para continuar. Eu sorri e fiz sinal com a cabeça para que continuasse, ele despiu a camisola e de seguida tirei-lhe eu a camisola e pude olhar para o seu corpo nu, não pude deixar de me sentir bem. Ele era tão belo e ao mesmo tempo tão meu, o meu corpo não era perfeito, estava construído de uma forma particular e eu sentia-me confiante, mas como comparar o corpo dele com o meu? Deitei-me de barriga para cima no sofá e ele colocou-se em cima de mim. Já o tínhamos feito mas tenho de confessar que não por muitas vezes, ele só o tinha feito com uma rapariga antes de mim e eu tinha-o feito mas nunca com um sentimento tão grande e forte a bater no meu coração. E isso era estranho, será que mudava alguma coisa em relação ao momento em si? Nunca entendi a diferença que faziam entre sexo e amor... Será que existia? E será que eu iria entender se haveria realmente ou não?

Comecei a beijar o seu peito em direção ás suas calças, sempre com beijos românticos e calmos, e ele mordia o lábio para não soltar gemidos de felicidade ou de prazer. Cheguei perto do botão das calças e sorri, olhei para ele nos olhos e tirei o botão das calças com os dedos. Depois voltei para os seus lábios e comecei a beijá-lo e as suas mãos foram de encontro ás minhas nádegas, segurando-me com força, o que me fazia sentir, realmente desejada. Depois foi a sua vez de chegar próximo dos meus curtos calções e sem dar conta os despir. Depois colocou a mão no bolso e abriu a carteira a uma velocidade que nunca tinha visto, porque seria? Tirou um preservativo e deu-mo. Ele era responsável, não estava nos nossos planos sermos pais mas nem me tinha lembrado do mesmo, ainda bem que ele o fez. Despi-lhe as calças e rapidamente acelaramos as coisas, ele despiu-me a roupa interior e pouco depois despi-lhe eu a dele e coloquei o preservativo. A partir daquele momento já podíamos fazer o que quer que fosse que já não haveria arrependimentos no futuro. A probabilidade que eu tinha de engravidar seria nula e eu não queria correr o risco de (voltar) a engravidar. Ele deitou-se sobre mim e respirei fundo antes de ele me beijar e começarmos o momento em si... Que foi intenso, repetido até á exaustão e bom. Talvez como eu nunca me tinha sentido ao lado de ninguém, será que era porque estava apaixonada por ele? O sentimento era diferente, e as emoções que me causaram não tinham comparação possível, talvez descrever o momento não seja o indicado. Porque nem eu sei fazê-lo, senti-me bem a fazê-lo assumo, podíamos não tê-lo feito no momento certo nem com os motivos certos mas havia forma de não me sentir bem a fazer amor? Gostava do João e ajudou-me a esclarecer algumas dúvidas mas tinha medo dele se arrepender, de não ter sido o que ele estava á espera... Foi bom, muito bom, excelente, mas será que era uma reviravolta na nossa relação? Adormecemos depois de gastarmos todas as energias, ele deitado e eu deitada sobre ele, o seu peitoral servia de almofada enquanto o meu corpo despido estava ao lado dele.

Adormecemos mas foi durante pouco tempo, porque acordei pouco depois com um pressentimento horrível, talvez um sonho ou algo diferente. Abri os olhos, sentei-me no sofá deixando o corpo do João e disse:

-Ezequiel. – Será que era um pesadelo? Eu não me lembrava, de todo, por muito que me esforçasse não tinha justificação possível.

Tinha de acabar com aquelas dúvidas e receios, tinha de falar com ele, mas... Agora? Tinha acabado de fazer amor com o João e ele dormia profundamente, não o queria acordar por isso decidi levantar-me e procurar a minha roupa que estava espalhada pelo chão. Vesti-me e fui até á minha mala e peguei num caderno e numa caneta e escrevi:

“Aconteceu uma emergência e tive de me ir embora, não te quis acordar por isso deixei-te dormir descansado e escrevi este recado. Depois falamos sobre... Tudo. Tudo o que aconteceu.
Beijinhos adoro-te meu João”

Rasguei a folha do caderno e deixei-a sobre a mesa daquela sala e fui-me embora daquela casa, não estava arrependida do que tinha feito, eu gostava e muito do meu namorado, mas tinha de ir falar com o Ezequiel. Esclarecer as coisas e falar com ele mas o que lhe dizer? Quando estiver com ele, logo pensarei, sei que deixarei o meu coração falar, mas ele também não sabe. Neste momento o que sei é que preciso de estar com ele e falar.

Fechei a porta de casa com o mínimo de barulho possível. Chamei um táxi e fui até casa do Ezequiel, tinha de falar com ele, não amanhã, não quando ele pudesse mas sim agora. Paguei ao taxista e corri a curta distância entre a estrada e casa dele e toquei freneticamente á campainha, ele precisava de me ouvir, eu precisava de o ouvir e de estar com ele. Não sei porquê, não tenho justificação possível, mas queria e precisava.
Como correrá a conversa?
Será que Qeu optará por João ou Ezequiel? Como reagiram os dois?

2 comentários:

  1. Adorei quero o proximo.bjs

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  2. Aii, já vi que andei a perder tanta coisa!
    Ameii, como sempre e quero saber como vai correr a conversa daqueles dois, quero MUITO!
    Próximo rápido rápido. :b
    bJS

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