-Qeu vem ter connosco, o Ezequiel está nas
urgências do Hospital Garcia de Orta, está a contorcer-se com dores. – Por
um lado senti um arrependimento a sugar-me o corpo, fui demasiado dura com ele,
não mereceu a minha atitude mas estava a pagar por uma atitude talvez infantil,
não era minha intenção magoá-lo, era só pregar-lhe um susto. Mas não ia dar a minha
parte fraca, não ia mesmo, posso estar grávida (ou talvez não) mas sei
perfeitamente o que faço, fiquei preocupada e com um peso na consciência claro.
-E ele está bem? – Foi a única coisa que
me saiu, podia ter perguntado um milhão de coisas mas optei pela mais parva
sinceramente.
-Que e que tu achas Raquel? Está nas
urgências do hospital depois de levar um murro nos testículos teu e tu ainda
tens a lata de perguntar se está tudo bem? Tu tens noção que se eu e o Nicolás
não estivéssemos chegado á hora que chegamos podia ter sido ainda mais grave? –
Obrigada Rita por me teres posto ainda pior, obrigada por me teres posto ainda
mais peso na consciência, claro que me estou preocupada com ele, fui eu que fiz
a asneira, ele é o pai do meu filho, a minha intenção não era pô-lo nesse
estado, era simplesmente manter a distância suficiente entre nós, não consigo
aguentar isto tudo, sou humana e estou grávida é demasiada emoção para uma só
pessoa.
-Eu sei que fiz asneira, escusas de me
lembrar. E fica sabendo que vou já a caminho do hospital para ver como ele está
e pedir desculpas, é o mínimo que posso fazer. – Contive as minhas lágrimas
ao máximo quando a minha vontade era chorar, não sei bem explicar bem porquê
não era só culpa, era algo mais que isso, não sei explicar talvez seja a emoção
e as hormonas que a gravidez me deu.
-O Ezequiel não te quer ver. – Fiquei
pasmada, mas não ia ficar sem resposta.
-Ele não tem escolha e eu também não lhe
perguntei, vou vê-lo e pronto.
-Qeu é melhor não, ele pode ser
operado daqui a pouco tempo e a última recordação que ele quer ter não deve ser
a rapariga que o pôs neste estado, depois logo se vê. – A Rita estava a tentar acalmar o Nico, ao mesmo
tempo que falava comigo, sabia que ela estava próxima do Ezequiel, entendi logo
que estava a tomar conta de três mas eu sempre se segui contra as regras, pelo
que sempre quis e não ia dar ouvidos a ninguém. Desliguei a chamada, estacionei
o carro e fui até às urgências, havia imensa gente á espera de ser atendida mas
não os via, fui até ao atendimento e perguntei:
-Olhe desculpe pode-me dizer onde
está o Ezequiel Marcelo Garay? –
A senhora olhou-me com cara de gozo e num tom assim perguntou:
-Acha que mesmo se pudesse lhe dava esse
tipo de informação? – A minha vontade era saltar aquela bancada e lhe
espetar um estalo mas não ia descer ao nível dela, nem pensar, respondo com
todo o tom estranho que havia em mim, um tom sínico.
-Oiça lá só porque a senhora está a fazer
atendimento ao público e já teve de lidar com pessoas menos simpáticas não
significava que eu seja igual a elas. – Agora mudei o meu discurso para um
tom simpático e honesto. – Eu estou
grávida mas precisamente á espera de um filho dele e tanto eu como o meu filho
estamos preocupados, por isso agradecia que me desse essa informação se não
fosse muito incómodo. – A senhora começou a rir-se, tocou na colega ao lado
que olhou para ela e cochichou, mas suficientemente audível para eu ouvir:
-Já viste isto? As miúdas de hoje estão tão
desesperadas por saberem dos seus ídolos que já inventam mentiras sem pés e
cabeça! – Começaram a rir-se as duas e a minha vontade era de saltar aquele
balcão e desfazer as duas á chapada.
-A menina sabe-me dizer quem o está a
acompanhar? – Apareceu uma senhora vestida de enfermeira atrás de mim a
fazer-me aquela pergunta e eu respondi, talvez fosse a minha oportunidade de o
encontrar.
-Sei sim, está o Nicolás Gaitán e a minha
prima Rita. – Disse e ela olhou-me. Era uma enfermeira bastante simpática e
bonita, talvez fosse a minha escapatória para os ver, ou melhor para ver o
Ezequiel, queria pelo menos dizer-lhe que lamento o que fiz, a minha intenção
não era de todo magoá-lo era só uma brincadeira que correu mal.
-E sabe porque razão ele está internado? –
Eu queria muito vê-lo, queria vê-lo e saber como estava mas aquele
interrogatório da enfermeira estava-me a deixar nervosa mas entendi que era
normal querer saber toda aquela informação para se certificar que o que dizia
era verdade.
-Sim, dei-lhe um murro nos testículos. Será
que me pode levar até ele? Tenho mesmo de lhe pedir desculpa. – Agarrou no
braço e levou-me a correr até junto dele. O Nicolás estava á porta e assim que
me viu olhou-me com olhos de raiva, de ódio, era compreensível, magoei um
grande amigo e não só coloquei-o no hospital. Entrei no quarto juntamente com a
enfermeira e olhei para a Rita que se demonstrou triste com a minha atitude,
não só porque fiz o contrário do que ela me pediu mas porque magoei o Ezequiel,
sou diferente das raparigas da minha idade, faço tudo o que quero mas nunca
magoei ninguém a este ponto, aproximei-me do Ezequiel que estava a ser
acompanhado por um médico e embora meio zonzo, dei-lhe um beijo na testa mas as
suas expressão não mudavam, estava triste e desapontado, nada me magoava mais
que isso, saber que ele estava magoado comigo e sussurrei-lhe:
-Desculpa Ezequiel, não era minha
intenção magoar-te não de todo, apenas queria pregar-te um susto. Ver-te mal é
o pior sofrimento que me podiam causar e eu quero que melhores rápido para
juntos educarmos este filho, que é nosso, é teu e eu aceito educa-lo ao teu
lado mas para isso tens de ficar bom, vai assumi-lo e preparar-te para esta
oportunidade, não pensada nem desejada mas que aconteceu por algum motivo.
Desculpa Ezequiel.
O
que será que o Garay vai responder?
Será
que Raquel está mesmo grávida? O que espera o futuro daquela relação?
Olá!
ResponderEliminarA Qeu foi tão má! Coitadinho do Ezequiel :(
Afinal não entendi se ela está grávida ou não...
Á espera do próximo!
Beijinhos
Didi Martins
Eu bem sabia que lhe ia acontecer alguma coisa ao pobre do Garay! Não ficou infértil mas vai ser operado. Pobrezinho!
ResponderEliminarPois será que ela está mesmo gravida ou não?
Por favor não nos deixes nesta espera!
Beijos
Tânia