-Não entendi. – Uma lágrima teimosa
correu o meu rosto, lembrando-me do meu filho, apesar de já ter passado vários
meses eu não me perdoava pela perda dele, ao início foi difícil digerir tudo, e
quando já estava preparada para aceitar o nascimento dele, e de escolher um
nome e de ver as primeiras ecografias, ele morreu, nunca chorei á frente de
ninguém por ele, nunca mesmo, mas sempre que me deitava para ir dormir chorava,
ia até junto do mar e chorava. E ele estava-me a pedir para repetir, para lhe
dar a notícia e eu tive de o fazer:
-Vais ser pai Ezequiel. – Disse
calmamente, já tinha digerido todas as emoções, será que ele assumiria o filho?
Será que seria uma boa mãe e ele um bom pai? Para quê preocupar-me com isto
tudo se o mais provável era mesmo sofrer outro aborto, ou então ele não assumir
o bebé e eu educá-lo sozinho, mas claro como mulher que sou imaginei logo o
futuro do meu filho ou filha, embora já me considere mãe porque já estive
grávida. Sentei-me no chão, cruzei os braços e pousei a cabeça sobre eles. O
Ezequiel chegou até perto de mim, baixou-se, colocou as mãos sobre os meus
braços e respondeu:
-Estás grávida Qeu? – As lágrimas já me
corriam o rosto, não tive coragem para levantar a cabeça por isso acenei
simplesmente com a cabeça e entre soluços respondi:
-Sim. Sim, estou e só tu podes ser o pai. –
Ele deu-me um beijo na cabeça, sentou-se ao meu lado e ficou na mesma posição
que eu.
-Tens a certeza?- Abanei positivamente a
cabeça, limpei as lágrimas que estavam no meu rosto e perguntei-lhe. – Posso sentar-me entre as tuas pernas? Preciso
do teu apoio, preciso de um pai para o meu filho. O pequeno precisa de ti mais
do que nunca. – Ele levantou-se e deu-me a mão e fez-me levantar também,
agarrou-me na cintura e puxou-me contra o seu corpo e beijou-me a testa
enquanto as mãos subiam até á minha face e as minhas mãos puxavam-no contra mim.
Apenas fechei os olhos e separei os lábios, talvez procurasse algo mais que o
beijo na testa, talvez procurasse os lábios dele, e sempre podia desculpar-me
que foi um desejo do nosso bebé.
-Não é só o bebé que precisa de
mim, tu também precisas de mim nesta nova fase. – Não tive coragem
para o beijar, mas tive coragem para o abraçar, não estava á espera que
aceitasse tão bem esta “boa-nova”.
-Obrigada pelo teu apoio mas tenho
medo de voltar a perder o bebé como perdi o Rodrigo. – Sussurrei-lhe ao ouvido, num tom bastante baixo,
que até eu tive dificuldade em ouvir as palavras que tinha dito, não tinha
pensado dizer-lhe mas depois de dito não havia volta a dar. Ele aperta-me mais
naquele abraço sentido que partilhávamos e pergunta, o que tanto temo:
-Quem é o Rodrigo? – Sento-me e ele senta-se ao meu lado, encosta a
cabeça no meu ombro e dá-me a mão, voltei a sentir um misto de emoções em mim,
tinha medo de serem as hormonas da gravidez a falarem ou de ser simplesmente o
meu coração a falar, tinha medo de qualquer uma das opções mas deixo fica-las
assim, precisava dele e isso eu já tinha assumido.
-De certeza que não queres ouvir mais uma
história de uma rapariga que perdeu um filho por sua própria culpa. – Disse
suspirando, por um lado queria derramar as primeiras lágrimas junto a uma
pessoa por causa do aborto espontâneo que fiz, talvez assim já estivesse mais
“descansada” e calma em relação a esta nova gravidez.
-Eu quero ouvir por favor conta-me.
– Olhou-me nos olhos e eu
sorri, inspirei bem fundo e contei com toda a calma do mundo:
-Há dois anos, mais precisamente no dia em
que fiz 16 anos descobri que estava grávida de quase 3 meses, caiu quase uma
bomba sobre mim, não estava á espera de ser mãe apesar de ser o meu sonho desde
que me lembro, era tão jovem e não estava preparada, não estava á espera,
porque tive o período até então. Acabei por aceitar a gravidez já quase no
4º mês, noticiei a toda a minha família e amigos e o pai do bebé fugiu mas eu
quis ficar com ele na mesma, fiz a ecografia e disseram-me que era um menino,
chamei-lhe Rodrigo. Afeiçoei-me a ele,
talvez demasiado e depois ele acabou por morrer no meu ventre. Ainda hoje sofro
pela sua morte, fiquei de rastos mas mesmo assim decidi não demonstrar as
minhas lágrimas em frente a ninguém, sou forte e de certeza que o Rodri não ia
gostar de me ver a chorar por ele, mas de certeza que queria que sorrisse
porque fiz tudo por ele, apesar do pai nos ter abandonado.- Pela primeira
vez na minha vida falei com toda a calma sobre o assunto. Ele beija-me pela
primeira vez desde que acabei a nossa relação, um beijo pontuado pela calma,
mas ao mesmo tempo cheio de emoção, deu-me a calma suficiente para lidar com a
aceitação dele, para digerir tudo e para quem sabe derramar as primeiras
lágrimas em frente de alguém pelo meu filho falecido e quem sabe esperar um
futuro risonho com o que carrego no meu ventre. Precisava na mesma de saber se
ele estava disposto a aceitar o bebé e a educá-lo, afinal era o pai dele e não
nos abandonou até agora como fez o João, pelo menos esperava que não
acontecesse.
Será
que Qeu vai derramar as primeiras lágrimas em frente a Ezequiel por causa de
Rodrigo?
Será
que ele vai aceitar o bebé e assumi-lo? Que significa aquele beijo?
Olá!
ResponderEliminarO primeiro comentário pertence à fã nº 1: EU!
Amei, amei! Espero que o Garay aceite o bebé, e que assuma a sua responsabilidade :)
Beijinhos Ritinha
Didi Martins
Olá Didi :)
EliminarOh que querida #.# Tenho a melhor fã número 1 do mundo!
O Garay fê-lo logo deve ter de o assumir ahah Sinceramente tem de esperar pelo próximo capítulo para verem... Estes dois podem surpreender!
Beijinhos Didi Linda
Esta fantastico adorei.Espero pelo próximo capitulo.BJS
ResponderEliminarOlá :D
EliminarObrigada! Os próximos capítulos vão trazer surpresas afinal não é todos os dias que recebemos a notícia que vamos ser pais!
Beijinhos, Rita e Qeu
Amei <3
ResponderEliminarE quero mais, por favor...
O Garay vai assumir o bebé e vai querer ficar com ele e com a Mãe dele (a Qeu), vai querer construir uma família linda :)
Beijinhos :*
Olá :)
EliminarAinda bem que amaste, as opiniões das leitoras são essências para continuarmos com as fics.
Quanto ao ficarem juntos não adianto nada, a Qeu não é fácil e o Garay pode não perdoar o que ela já fez, vão ter mesmo de esperar pelo próximo capítulo!
E secalhar ele pode não assumir o bebé, só o próximo capítulo o dirá! Com estes dois é imprevisível!
Beijinhos, Rita & Qeu
Bem tenho que dizer que a primeira reacção dele assustou-me um bocado. Pensei que ele não fosse assumir o bebé! Mas ainda bem que quando continuei a ler esse susto passou.
ResponderEliminarBom gostei bastante e agora vou esperar (impacientemente) para ver o que se passará a seguir.
Bjs Tânia
Olá :D
EliminarDigamos que estes dois são um pouco... Surpreendentes! Ás vezes pregam sustos desses xD
Ele ainda não disse que assumia o bebé, vão ter mesmo de esperar para ver, esta gravidez ainda vai dar muito pano para mangas!
Quanto ao futuro, nos próximos capítulos tudo pode acontecer, vão ter mesmo de esperar.
Beijinhos Rita & Qeu