terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Capítulo 15: "Vais ser pai, Ezequiel!"

Disse aquela frase muito rápido, talvez porque assim fosse mais fácil para mim dizê-lo e porque receava a sua reação, na verdade eu não tinha muita esperança que o bebé nascesse, nos primeiros 3 meses de gestação tudo podia acontecer e embora eu quisesse muito dar um irmão ao Rodri, não tinha esperança que fosse desta vez que isso fosse acontecer, secalhar não estou preparada para ser mãe e foi por isso que me apareceu estas “lombas” na minha vida, o pai do meu filho mais velho abandonou-nos e o pai do segundo tinha sido eu a abandoná-lo, não sei bem o que sinto por ele, não nego o que sinto mas não o amo loucamente para perdoar uma traição, para me entregar loucamente, para ter uma relação com ele sem confiar nele. Não estava disposta a mudar por ele. Imaginei todos os tipos de reação dele nos breves segundos que diferenciaram a minha frase da resposta dele, mas claro até aí ele me surpreende, ele diz-me:

-Não entendi. – Uma lágrima teimosa correu o meu rosto, lembrando-me do meu filho, apesar de já ter passado vários meses eu não me perdoava pela perda dele, ao início foi difícil digerir tudo, e quando já estava preparada para aceitar o nascimento dele, e de escolher um nome e de ver as primeiras ecografias, ele morreu, nunca chorei á frente de ninguém por ele, nunca mesmo, mas sempre que me deitava para ir dormir chorava, ia até junto do mar e chorava. E ele estava-me a pedir para repetir, para lhe dar a notícia e eu tive de o fazer:

-Vais ser pai Ezequiel. – Disse calmamente, já tinha digerido todas as emoções, será que ele assumiria o filho? Será que seria uma boa mãe e ele um bom pai? Para quê preocupar-me com isto tudo se o mais provável era mesmo sofrer outro aborto, ou então ele não assumir o bebé e eu educá-lo sozinho, mas claro como mulher que sou imaginei logo o futuro do meu filho ou filha, embora já me considere mãe porque já estive grávida. Sentei-me no chão, cruzei os braços e pousei a cabeça sobre eles. O Ezequiel chegou até perto de mim, baixou-se, colocou as mãos sobre os meus braços e respondeu:

-Estás grávida Qeu? – As lágrimas já me corriam o rosto, não tive coragem para levantar a cabeça por isso acenei simplesmente com a cabeça e entre soluços respondi:

-Sim. Sim, estou e só tu podes ser o pai. – Ele deu-me um beijo na cabeça, sentou-se ao meu lado e ficou na mesma posição que eu.

-Tens a certeza?- Abanei positivamente a cabeça, limpei as lágrimas que estavam no meu rosto e perguntei-lhe. – Posso sentar-me entre as tuas pernas? Preciso do teu apoio, preciso de um pai para o meu filho. O pequeno precisa de ti mais do que nunca. – Ele levantou-se e deu-me a mão e fez-me levantar também, agarrou-me na cintura e puxou-me contra o seu corpo e beijou-me a testa enquanto as mãos subiam até á minha face e as minhas mãos puxavam-no contra mim. Apenas fechei os olhos e separei os lábios, talvez procurasse algo mais que o beijo na testa, talvez procurasse os lábios dele, e sempre podia desculpar-me que foi um desejo do nosso bebé.




















-Não é só o bebé que precisa de mim, tu também precisas de mim nesta nova fase. – Não tive coragem para o beijar, mas tive coragem para o abraçar, não estava á espera que aceitasse tão bem esta “boa-nova”.














-Obrigada pelo teu apoio mas tenho medo de voltar a perder o bebé como perdi o Rodrigo. – Sussurrei-lhe ao ouvido, num tom bastante baixo, que até eu tive dificuldade em ouvir as palavras que tinha dito, não tinha pensado dizer-lhe mas depois de dito não havia volta a dar. Ele aperta-me mais naquele abraço sentido que partilhávamos e pergunta, o que tanto temo:

-Quem é o Rodrigo? – Sento-me e ele senta-se ao meu lado, encosta a cabeça no meu ombro e dá-me a mão, voltei a sentir um misto de emoções em mim, tinha medo de serem as hormonas da gravidez a falarem ou de ser simplesmente o meu coração a falar, tinha medo de qualquer uma das opções mas deixo fica-las assim, precisava dele e isso eu já tinha assumido.















-De certeza que não queres ouvir mais uma história de uma rapariga que perdeu um filho por sua própria culpa. – Disse suspirando, por um lado queria derramar as primeiras lágrimas junto a uma pessoa por causa do aborto espontâneo que fiz, talvez assim já estivesse mais “descansada” e calma em relação a esta nova gravidez.

-Eu quero ouvir por favor conta-me. – Olhou-me nos olhos e eu sorri, inspirei bem fundo e contei com toda a calma do mundo:

-Há dois anos, mais precisamente no dia em que fiz 16 anos descobri que estava grávida de quase 3 meses, caiu quase uma bomba sobre mim, não estava á espera de ser mãe apesar de ser o meu sonho desde que me lembro, era tão jovem e não estava preparada, não estava á espera, porque tive o período até então. Acabei por aceitar a gravidez já quase no 4º mês, noticiei a toda a minha família e amigos e o pai do bebé fugiu mas eu quis ficar com ele na mesma, fiz a ecografia e disseram-me que era um menino, chamei-lhe Rodrigo.  Afeiçoei-me a ele, talvez demasiado e depois ele acabou por morrer no meu ventre. Ainda hoje sofro pela sua morte, fiquei de rastos mas mesmo assim decidi não demonstrar as minhas lágrimas em frente a ninguém, sou forte e de certeza que o Rodri não ia gostar de me ver a chorar por ele, mas de certeza que queria que sorrisse porque fiz tudo por ele, apesar do pai nos ter abandonado.- Pela primeira vez na minha vida falei com toda a calma sobre o assunto. Ele beija-me pela primeira vez desde que acabei a nossa relação, um beijo pontuado pela calma, mas ao mesmo tempo cheio de emoção, deu-me a calma suficiente para lidar com a aceitação dele, para digerir tudo e para quem sabe derramar as primeiras lágrimas em frente de alguém pelo meu filho falecido e quem sabe esperar um futuro risonho com o que carrego no meu ventre. Precisava na mesma de saber se ele estava disposto a aceitar o bebé e a educá-lo, afinal era o pai dele e não nos abandonou até agora como fez o João, pelo menos esperava que não acontecesse.

Será que Qeu vai derramar as primeiras lágrimas em frente a Ezequiel por causa de Rodrigo?
Será que ele vai aceitar o bebé e assumi-lo? Que significa aquele beijo?

8 comentários:

  1. Olá!
    O primeiro comentário pertence à fã nº 1: EU!
    Amei, amei! Espero que o Garay aceite o bebé, e que assuma a sua responsabilidade :)
    Beijinhos Ritinha
    Didi Martins

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    1. Olá Didi :)

      Oh que querida #.# Tenho a melhor fã número 1 do mundo!
      O Garay fê-lo logo deve ter de o assumir ahah Sinceramente tem de esperar pelo próximo capítulo para verem... Estes dois podem surpreender!

      Beijinhos Didi Linda

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  2. Esta fantastico adorei.Espero pelo próximo capitulo.BJS

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    1. Olá :D

      Obrigada! Os próximos capítulos vão trazer surpresas afinal não é todos os dias que recebemos a notícia que vamos ser pais!

      Beijinhos, Rita e Qeu

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  3. Amei <3
    E quero mais, por favor...
    O Garay vai assumir o bebé e vai querer ficar com ele e com a Mãe dele (a Qeu), vai querer construir uma família linda :)
    Beijinhos :*

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    1. Olá :)

      Ainda bem que amaste, as opiniões das leitoras são essências para continuarmos com as fics.
      Quanto ao ficarem juntos não adianto nada, a Qeu não é fácil e o Garay pode não perdoar o que ela já fez, vão ter mesmo de esperar pelo próximo capítulo!
      E secalhar ele pode não assumir o bebé, só o próximo capítulo o dirá! Com estes dois é imprevisível!
      Beijinhos, Rita & Qeu

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  4. Bem tenho que dizer que a primeira reacção dele assustou-me um bocado. Pensei que ele não fosse assumir o bebé! Mas ainda bem que quando continuei a ler esse susto passou.
    Bom gostei bastante e agora vou esperar (impacientemente) para ver o que se passará a seguir.
    Bjs Tânia

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    1. Olá :D
      Digamos que estes dois são um pouco... Surpreendentes! Ás vezes pregam sustos desses xD
      Ele ainda não disse que assumia o bebé, vão ter mesmo de esperar para ver, esta gravidez ainda vai dar muito pano para mangas!
      Quanto ao futuro, nos próximos capítulos tudo pode acontecer, vão ter mesmo de esperar.
      Beijinhos Rita & Qeu

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